Linguagem
O que é Internetês?
Provavelmente ao perguntar muita gente sobre a relação entre a internet e a linguagem, o internetês deve ser o termo mais popular. Muitos já devem ter ouvido reclamações de pessoas que escrevem fora da internet da mesma forma que na internet, geralmente fazendo uso de abreviações, trocas de letras, mudanças sintáticas, combinações de caracteres para indicar algum sentimento ou reação, como estes 🙂 ou ;).
O uso mais popular do internetês era a “linguagem” de comunicação rápida, informal e abreviada em bate-papos, aplicativos de mensagens e blogs. Alguns autores apontam o termo bloguês. Os dois termos indicariam, como neologismo, a língua da internet e dos blogs.
Vilaça e Araújo (2012, p. 65 e 66) apontam que:
Algumas características do Internetês são abreviações (msg, bjs ou bjus, por exemplo), maior proximidade com a pronúncia (kadê, adoru ao invés de cadê e adoro), uso de estrangeirismo (me add, para adicione-me), siglas a partir do inglês (BTW para by the way; ASAP para as soon as possible). Além disso, é empregado para expressar emoções (LAJOLO e ZILBERMAN, 2009), aspecto evidenciado pelo uso comum de caracteres para “produzir” desenhos (para indicar tristeza – 🙁 ) e o uso de emoticons (figuras simples de rostos que indicam emoções) (FONTES, 2007).
Dessa forma, é possível compreender que o Internetês tem por finalidade básica promover uma escrita (digitação) mais rápida. Ele pode ser encontrado com maior frequência
em salas de bate papo (chat), fóruns, em mensagens de textos por celulares e em redes sociais. Lajolo e Zilberman (2009, p. 31) explicam que “transplantada para a tela, a escrita, que
sempre procurou acompanhar a fala, oferece novas possibilidades de reproduzir a oralidade, infringindo normas cristalizadas dessa representação.”
VILAÇA, Márcio Luiz Corrêa ; ARAUJO, E. V. F. . Questões de comunicação na era digital: tecnologia, cibercultura e linguagem. Revista e-scrita: revista do curso de Letras da UNIABEU, v. 3, p. 58-72, 2012.
Acesse o artigo da citação acima aqui.
Interfaces entre Tecnologia e Linguagem: Gêneros Textuais Digitais
VILAÇA, Márcio Luiz Corrêa ; RIBEIRO, S. R. O. . Interfaces entre Tecnologia e Linguagem: gêneros textuais digitais. Revista UNIABEU, v. 8, p. 334, 2015. Acesse o artigo aqui!
RESUMO: Os computadores foram vistos por muito tempo essencialmente como ferramentas de processamento de dados. A internet, no entanto, contribuiu para a transformação do computador e outros dispositivos digitais em ferramentas de comunicação. Os avanços tecnológicos, especialmente aqueles que permitem trocam comunicativas entre os usuários, demandaram a emergência e o desenvolvimento de gêneros textuais digitais. Este trabalho apresenta reflexões teóricas sobre as relações entre tecnologia e linguagem, com o foco nos gêneros digitais.
Palavras Chave: tecnologia, linguagem, gêneros digitais, letramentos
Interfaces between technology and language: digital textual genres
ABSTRACT: Computers were primarily seen for some time as a data processing tool. Internet, however, contributed to expand its uses, turning the computer and other digital devices in communication tools. Technological advances, specifically those that allow communicative exchanges between users, also would require the emergence and development of digital genres. This paper presents theoretical reflections on the relationship of technology and language, with a focus on digital genre.
Keywords: technology, language, digital genre, literacies
Os gêneros textuais podem ser objetivamente definidos como formas sociocomunicativas orais e escritas relativamente estáveis (BAKTHIN, 2011). Exemplos de gêneros textuais de uso frequente incluem carta, bilhete, carta, resumo, tirinha, palestra, entrevista… (KOCH e ELIAS, 2008; MARCHUSCHI, 2008). Autores apontam que não é possível haver comunicação sem o emprego de gêneros textuais (BAKHTIN, 2011; MARCUSHI, 2010; KOCH, 2011). Marchuschi (2008, p. 154) afirma que toda a manifestação verbal se dá sempre por meio de textos realizados por algum gênero”. O autor ainda aponta claramente que “Quando dominamos um gênero textual, não dominamos uma forma linguística e sim uma forma de realizar linguisticamente objetivos específicos em situações sociais particulares” (p.154).
Para Bazerman (2009), gêneros não são somente formas textuais, mas também formas de vida e de ação. O autor compreende o conceito de gêneros como “fenômenos de reconhecimento psicossocial” (2009, p. 31), construídos e organizados dentro da dinâmica da sociedade. Seus estudos se propõem a enfatizar instrumentos conceituais e analíticos acerca da incidência do texto na sociedade, sejam textos escritos ou não.
Questões de comunicação na era digital: tecnologia, cibercultura e linguagem
VILAÇA, Márcio Luiz Corrêa ; ARAUJO, E. V. F. . Questões de comunicação na era digital: tecnologia, cibercultura e linguagem. Revista e-scrita: revista do curso de Letras da UNIABEU, v. 3, p. 58-72, 2012.
Resumo
Este artigo discute questões de comunicação em contextos digitais que têm estado presentes na vida social. Este trabalho enfoca considerações a respeito da complexa relação entre tecnologia, cibercultura e linguagem. Inclui discussões sobre webwriting, do internetês, gêneros digitais e da prática de letramento digital. Defendemos a importância e a necessidade destas questões para a formação de professores, em especial de professores de língua e de educação a distância.
Palavras chave: tecnologia, cibercultura, linguagem, gêneros digitais, letramento
A relação entre tecnologia e linguagem tem gerado uma diversidade discussões, que se refletem em termos como “letramento digital”, “linguagens digitais”, “discurso eletrônico”, “hipertexto”, “comunicação mediada por computador”, “comunicação eletrônica”, “gêneros digitais” entre outros. Podemos, portanto, pensar em e-linguagem ou ciberlinguagem ou ainda em e-discurso ou ciberdiscurso. (p. 59)
Este artigo não pretende elencar uma série de termos. Também não é finalidade deste trabalho buscar conceituações definitivas para eles, tarefa que tem se mostrado complexa devido à importância interdisciplinar da temática. O letramento digital, por exemplo, tem sido definido de duas formas diferentes: a) como letramento discursivo em contextos digitais e; b) como competências de uso de tecnologias digitais (como um letramento tecnológico).
O objetivo deste artigo é apresentar algumas questões referentes à comunicação em contextos digitais. A motivação se fundamenta na nítida percepção de que discussões sobre cibercultura e usos da linguagem em contextos digitais devem fazer parte dos processos de formação e atualização de professores. Compreendemos que tais discussões e reflexões, apesar de mais diretamente relacionadas aos professores de línguas maternas e estrangeiras e professores na modalidade educação a distância, devem ser também extensivas a professores outras disciplinas, em diferentes níveis de ensino e no ensino presencial. Pretendemos proporcionar com isto um espaço para reflexões sobre questões da comunicação na era digital. (p. 60)
Tecnologia, Linguagem e Educação a Distância
RIBEIRO, S. R. O. ; VILAÇA, Márcio Luiz Corrêa . Tecnologia, Linguagem e Educação a Distância. Cadernos do CNLF (CiFEFil), v. 18, p. 397, 2014.
RESUMO:
As tecnologias de comunicação e informação estão relacionadas às diferentes linguagens utilizadas nas mais distintas práticas sociais pelos indivíduos. As tecnologias de comunicação e informação surgem para sanar necessidades específicas em tempos e espaços diversos, em contrapartida podem alterar, e em geral alteram profundamente as práticas sociais, econômicas, culturais e educacionais, entre outras. Ao investigarmos as práticas educacionais a distância no Brasil identificamos modificações tecnológicas que demandam não apenas o uso de modernos equipamentos, mas, e, principalmente, alteraram os comportamentos dos estudantes diante do objeto de estudo, das interfaces que utilizam para acesso às informações e construção de conhecimento, das diferentes linguagens (escrita, som, vídeo, por exemplo) e também a possibilidade de superação do isolamento nos cursos de educação a distância através do uso de gêneros digitais que potencializam as trocas entre os estudantes e entre esses e o professor tutor. Portanto, este resumo tem como objetivo discutir aspectos históricos, epistemológicos e didáticos que sustentam a educação a distância, a educação on-line e a comunicação no contexto da educação on-line. Para tanto, apresentaremos uma discussão acerca da tecnologia relacionada à comunicação e às linguagens, percorrendo alguns conceitos de tecnologia enquanto ferramenta e técnica. Discutiremos a relação intrínseca da tecnologia com a educação a distância ao longo dos anos. Recorremos a três compreensões de evolução da educação a distância para embasar a discussão: Pimentel (1999), Campos (2007) e Moore e Kearsley (2008). Cabe ressaltar que os aspectos históricos da educação a distância são apresentados não com objetivo de traçar uma linha do tempo, mas de contextualizar e discutir mudanças didáticas e epistemológicas da educação a distância, a partir dos avanços tecnológicos usados nesta modalidade de ensino, considerando que a Internet e o uso dos dispositivos digitais mudaram muito nos últimos anos, inclusive quando aplicados à educação a distância.
Palavras-chave: Tecnologia. Linguagem. Educação a Distância.
Cada tecnologia, em sua época, tende a provocar fascínio, curiosidade, abrir novas possibilidades de ação e, dependendo da tecnologia, meios e formas de interação. Por outro lado, as criações tecnológicas, principalmente aquelas que podem representar quebra de paradigmas ou elevado poder de inovação e alteração em práticas sociais e culturais, são acompanhadas desafios, críticas, suspeitas e riscos. Este fato não é novidade. Nos últimos anos, no entanto, o que impressiona e atrai atenção de pesquisadores das mais diversas áreas é a velocidade de tais avanços, tanto no que se refere ao seu desenvolvimento quanto aos seus reflexos práticos na vida de uma parcela significante da população. Em termos práticos, esta velocidade demanda maior capacidade de adaptação e formação continuada.
Estudiosos como Lévy (1993), Ribeiro O. (2011), Kenski (2012) e Silva (2012) advertem que a técnica não deve ser apenas reduzida à simples ação de usar a ferramenta (utilidade), mas ampliam esse conceito, considerando em que medida a ação do homem sobre a máquina ou ferramenta (funcionalidade) pode alterar as relações de interatividade e socioculturais.